Às vezes me esqueço, acredito vencer o Alzheimer,
Mas apenas esqueço, não consigo recordar.
O sintoma tão característico, cruel e triste,
Me faz acreditar, nas lembranças que resistem.

Flashbacks surgem, preenchendo as lacunas,
Minha demência adormece meu lado das fortunas.
Já criei prédios, ciências, deixei legado,
Agora, a evolução humana parece ter parado.

Quanto mais me esqueço, mais confuso me torno,
Irritação e agressividade, como espinhos em meu trono.
A fera impetuosa que um dia me fez avançar,
Aos poucos, em cada neurônio, começa a se apagar.

Às vezes me engano, acredito vencer a doença,
Mas apenas me desconecto da triste realidade densa.
Vivo no passado, como uma fonte solitária,
O hoje se torna um vazio, sem nenhuma memória.

Tudo parece ruim, deslizando entre minhas mãos,
Esperanças desvanecendo, como pegadas na imensidão.
Mas por sorte, apenas esqueço, não me esqueço de tudo,
Guardo um pouco de mim, mas por sorte só esqueço….não esqueço