O Filme A Fita Branca, foi o vencedor da Palma de Ouro em Cannes em 2009, e do Globo de Ouro de filme estrangeiro de 2010. Além disso, também foi indicado ao Oscar 2010 nas categorias de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Fotografia.

Crítica do filme A Fita Branca

Novo filme do bem quisto pela crítica Michael Haneke – de Caché e Funny Games –, A Fita Branca é um drama sobre fatos misteriosos e dramáticos que ocorreram em uma pequena vila na Alemanha, no período logo antes da Primeira Guerra.

A história, narrada pelo professor da vila, é formada por personagens sérios, moralistas e conservadores, que educam seus filhos de forma extremamente rígida e pouco afetuosa, tendo como pano de fundo os tempos difíceis do período.

O que o filme nos mostra aqui são as sementes do nazismo, as sementes de uma grande guerra, do ódio, do conflito. As crianças são o ponto central da trama e vemos que elas são aqueles que, alguns anos depois, estarão dando suporte ao regime nazista.

Haneke diz que não quis mostrar o que ocorreu para acontecer o nazismo, mas o que é preciso para que exista nazismo. De fato, ao longo da narrativa, que vai desde a casa dos cidadãos pobres até a casa do grande senhor, vemos uma crônica de uma sociedade fria e hipócrita. Os pais, tão rígidos e severos, estão sempre em contradição, sempre escondem algo e, no fundo, são pessoas fracas.

Com a onda de acontecimentos misteriosos na vila – um acidente do médico, um incêndio repentino, crianças atacadas – seus segredos vão vindo à tona e vamos percebendo que essas crianças já não são aquilo que, costumeiramente, esperamos de crianças: já perderam há muito a inocência e são “monstros” que aquele universo criou.

Por falar em inocência, o próprio título do filme refere-se a um hábito de um dos moradores da vila, que amarram fitas brancas nos braços de seus filhos para que eles se lembrem da inocência, da pureza e da bondade. Ora, esses valores já estão perdidos nessa sociedade e tal ato é puramente hipócrita. E, quando é preciso um elemento externo para nos lembrar de um sentimento interno, é porque este já não existe mais ou simplesmente é um fantasma do que já existiu.

Mas reduzir o filme de Haneke a uma película sobre o início do nazismo seria injusto, pois o filme vai muito além disso. A Fita Branca é um grande estudo de ser humano, de psicologia, de funcionamento da sociedade, de relações como pai/filho. Através de personagens e situações muito complexas, Haneke tece teias que nos levam a refletir.

A estética escolhida pelo diretor para o filme é muito adequada. Ele faz uso de um clima tenso, sóbrio, absurdamente sério, com toques de suspense.

A ausência de trilha sonora e situações melodramáticas acentuam a crueza do filme e deixam momentos tristes, mais tristes e reflexivos ainda. A fotografia do filme, obviamente inspirada em filmes de Ingmar Bergman, é pautada em um preto e branco frio, excessivamente sério, rígido, que impressiona e intimida.

Ficha Técnica

  • Filme: A Fita Branca
  • Origem: Alemanha, 2009
  • Direção: Michael Haneke
  • Gênero: Drama
  • Nota: 9
  • Elenco: Christian Friedel, Leonie Benesch, Ulrich Tukur, Fion Mutert, Levin Henning, Maria-Victoria Dragus, Leonard Proxauf, Thibault Sérié, Johanna Busse, Ursina Lardi, Susanne Lothar, Michael Kranz, Burghart Klaußner, Steffi Kühnert, Josef Bierbichler, Rainer Bock, Roxane Duran, Detlev Buck, Birgit Minichmayr e Carmen-Maja Antoni.